A identidade cultural do estado da Bahia tem uma grande peculiaridade. Ela é bastante marcante, com símbolos inegáveis para representá-la, e ao mesmo tempo extremamente complexa, sendo objeto de estudos acadêmicos que tentam decifrar os séculos de tradições e heranças de povos que contribuiram para essa formação. O fato é que ao chegar em Salvador, logo se percebe: essa é uma capital cheia de marcas e tradições que a fazem uma cidade única no planeta.
A começar pela forte presença do candomblé no cotidiano soteropolitano. Muitos cidadãos que moram em Salvador, ou em outros municípios, nem mesmo são adeptos a religião trazida ao Brasil pelos escravos africanos que desembarcaram aos milhões na região até quase o final do século XIX. Ainda assim, os costumes e tradições são adotados por muita gente na Bahia, como o hábito de vestir branco às sextas-feiras, por exemplo. O costume, tão comum por aqui, representa um símbolo de homenagem ao deus Oxalá, que num exercício de sincretismo com o catolicismo, pode ser interpretado como Jesus Cristo. Os rituais do camdomblé começaram a ser praticados em Salvador nas senzalas das fazendas. Com o tempo, a religião tomou conta da cidade e hoje é símbolo da tradição local.
Outra imagem representativa da Baia de Todos os Santos são os saveiros de velas quadradas, que por séculos enfeitaram a paisagem da região. Ainda na época do Brasil Colonial, o transporte de mercadorias e pessoas entre as cidades do Recôncavo Baiano dependia dessas embarcações, que se espalhavam aos milhares pela costa do estado. A produção de açúcar nos grandes engenhos da região era escoada por meio dos saveiros, que de tão marcantes, foram retratados por grandes artistas como Dorival Caymmi e o Jorge Amado. Hoje, a tradição dos saveiros que enfeitavam e empurravam a economia baiana tenta ser resgatada por grupos que pretendem trazer de volta essa cultura tão típica da região e que marcou o cenário da Baia de Todos os Santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário